Rombo de R$ 45 milhões atrapalha a saúde de Barueri

Fernando Juliani é o coordenador da Saúde na
intervenção do hospital
Hospital Municipal de Barueri passa por intervenção em razão de crise instalada por organização social que cuida da gestão

A primeira fase, de 90 dias de intervenção, que a prefeitura de Barueri faz no Hospital Municipal de Barueri – Dr. Francisco Moran (HMB), por conta de supostas irregularidades no contrato com o Instituto Hygia, que administra o local, terminou na última quarta-feira, 8.

O valor do rombo administrativo que a Organização Social (OS) pode ter dado aos cofres do hospital é estimado em até R$ 45 milhões. O relatório final que está sendo elaborado pelo interventor, Ricardo Neves de Souza e sua equipe, ainda não foi finalizado e por isso a prefeitura decidiu aumentar o período dessa intervenção por mais 90 dias.

O instituto nega que o rombo chegue a esse valor e chama de “irreal” os números apresentados pela reportagem da Folha de Alphaville.

Na quarta-feira, 8, a reportagem conversou com o coordenador da Saúde na intervenção, doutor Fernando Juliani, que disse que o valor ainda vai ser relatado pelo interventor. “Não posso afirmar, mas o que prevemos é que seja em torno disso (R$ 45 milhões). Esse rombo vem de um processo de má gestão. Ele é ocasionado por uma série de fatores que vão desde adequar os processos de serviços do hospital, passam pelo inchaço de funcionários e também pela política adotada pelo Instituto Hygia. Eles acumularam dívidas. Fizeram acordos e não pagaram fornecedores. Foi um processo de gestão interna equivocado.”

Em resposta, o Instituto Hygia diz que vinha batendo as metas estipuladas, apesar de todas as dificuldades financeiras.

A intervenção é um instrumento legal que a prefeitura começou a utilizar quando tomou conhecimento de que a gestão do hospital estava passando por problemas que iriam começar a afetar o atendimento aos pacientes. De acordo com o doutor Juliani, entre as principais falhas estão a má gestão, a falta de recolhimento de impostos e o não cumprimento das metas estabelecidas em contrato.

“Quando assumimos o HMB, no dia 8 de março, os médicos estavam sem receber desde outubro de 2015. Pagamos de outubro a janeiro de imediato. O mês de fevereiro pagamos em duas vezes e agora está organizado. Os repasses das verbas da prefeitura sempre foram pontuais. Temos um entendimento de que não deve haver uma continuidade dessa OS e por isso estamos fazendo um novo chamamento (licitação). O problema é que não sabemos se vamos ter interessados em participar porque estamos em final de mandato administrativo (prefeito).”

Pelo que a reportagem também apurou, o Instituto Hygia, mesmo com diversos apontamentos de irregularidades, deve continuar à frente do hospital até o dia 27 de julho data em que finda o contrato de prestação de serviços.

Atualmente a despesa mensal do hospital gira em torno de R$ 16 milhões. Esse valor é rebatido pela administração do instituto que fala em R$ 14 milhões. O repasse da prefeitura é de R$ 11, 278 milhões, valor que o Hygia considera insuficiente.

“Se o instituto não tivesse feito o que fez – má gestão, falta de recolhimento de impostos, ter inflado o valor da hora do médico – esse valor de pouco mais de R$ 11 milhões daria, mas uma série de equívocos nos levaram até a situação atual”, afirma Juliani.

Mesmo com toda essa situação, o instituto diz pode continuar administrando o hospital em Barueri. “O Hygia tem plenas condições de continuar na administração do HMB e espera que o município, após verificar que os valores hoje repassados são insuficientes, faça uma readequação das metas iniciais, bem como dos repasses, uma vez que o contrato de gestão pode ser prorrogado por até cinco anos.”

Para José Erivalder Guimarães de Oliveira, diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), “o instituto Hygia mostrou plena incompetência técnica e uma série de irregularidades todas apresentados ao sindicato. Não é possível que a prefeitura vá manter contrato com esse grupo que é completamente irresponsável.”

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Publicado em: 09/06/2016
Texto: Fabio Oscar
Foto: Mauricio Maranhão/ Folha de Alphaville





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